terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Creepypasta #2 - Eu costumava não ter medo

Eu costumava não ter medo.

Filmes de terror nunca me assustaram de verdade. Livros de terror não tinham nenhum efeito. Casas mal-assombradas não fazia sentido. Eu nunca fui uma criança que cobria o rosto com o cobertor para dormir, ou mantinha o abajur aceso a noite. Como uma menininha, eu nunca senti necessidade de rastejar até a cama de minha mãe por causa de um pesadelo. Pra começo de conversa, eu nunca tive muitos pesadelos, e os poucos que eu tive, maioria eu nem conseguia considerar um de verdade.
Eu simplesmente nunca tive medo do que se escondia na noite. O sistema de segurança de nossa casa mantinha meus medos de humanos com intenções obscuras bem longe, assim como também nosso Rottweiler, que tinha o lindo nome de Assassino. E além de nossos muros, bem, quem poderia temer algo em uma comunidade branca de classe alta? Eu vivi a vida toda dentro de uma bolha de plástico, sem saber o que era medo.

Então por que motivo eu teria medo do escuro?

Até esse momento eu não tinha tido. Eu via como algo infantil e sem lógica. Obviamente, eu não me sinto mais desta forma. Estou escrevendo isso para avisar você, pois agora é muito tarde pra mim. Eu sei disso agora, e isso me trouxe uma certa calma... Quando eu terminar de te avisar você, tudo vai estar acabado. Então me perdoe se eu estou falando demais... Eu aproveitei a vida um pouco mais do que eu estou disposta a admitir.

Tudo começou com algo que eu achei ser um vírus. Eu tinha sido direcionada para um vídeo chamado "Meninas e Meninos Saem para Jogar." Soava bastante inofensivo. Eu achava que era um filme de estudantes de arte, na verdade. A pessoa que tinha me passado o link prometeu que era muito bom. Valia a pena assistir. Eu não consigo lembrar do vídeo. A única coisa que me lembro era a sensação que ele me trouxe. Não era medo, mas era bem perto disso. Era muito desconfortável, eu estava nervosa. E também fiquei vagamente enjoada.
Daí em diante as coisas só ficaram piores. O papel de parede do meu computador tinha mudado para uma foto de uma jovem mulher com um olhar pertubador, me fitando como se fosse de um abismo negro. Todo o momento então, e com frequencia crescendo a cada dia, barulhos estranhos eram emitidos do meu computador, mesmo quando o som não estava ligado. Gritos, risadas estranhas, rangidos...

No momento, eu estava irritada; o medo não haviam me atingido ainda. Então, rostos começaram a "pular" na tela, tipo esses programas ridículos que aparecem rosto gritando que costumavam a assustar meus amigos no ensino médio. Mas era diferente. Eles pareciam reais. Eram rostos de mortos; e eles tinham tido mortes violentas. Eu queria dizer que eu parei de umas meu computador, mas eu não podia. Meu trabalho requesitava que eu usasse meu computador frequentemente. O que eu devia fazer? Não havia mais nenhum computador disponível pra mim. Eu até tentei levar em algum lugar o computador para retirar o vírus, mas ninguém pode me ajudar. Diziam que não havia vírus algum. Falaram que meu computador estavam bem.

Mas a coisa só piorava. Os rostos não estavam só aparecendo; eles ficavam. E com aqueles olhos horríveis, apodrecidos, eles prendiam meu olhar. Eu não conseguia desviar o olhar deles e de seus terríveis sorrisos provocantes. E...Meu Deus, o cheiro. Meu computador sempre tinha um cheiro vago de morte em volta dele.
Eu pensei que estava ficando louca. Eu pensei que talvez alguém estivesse zoando comigo. As pessoas na loja onde tentei reparar o computador não faziam ídeia do que estavam falando. Algo estava errado,e eu sabia que tinha concertado. Então, eu comprei um computador novo. Tudo estava legal por um tempo, mas tudo voltou, e com força total. Agora haviam vozes. Agora havia gritos. Agora, os rostos apodrecidos mostravam também os malditos corpos. Eu podia ver cada larva, cada mosca, cada espacinho com pus... E eles estavam me chamando. Falando que em breve, muito em breve, eu estaria me juntado a eles. Eles estavam com muita raiva que eu tinha tentado me livrar deles, e agora me fariam pagar.

Eu  não sabia o que fazer. Ignorar o problema não estava funcionando. Eu pensei que era culpa de meus colegas de trabalho. Talvez isso tivesse vindo com um e-mail que eles tivessem me mandando? Eu nunca pensei ser o vídeo. Nem por um segundo. Depois de tudo, isso não era lógico.
Eu estava no fundo do poço. Hoje, eu despluguei o computador e comecei a empacotar. Eu iria sair de férias, limpar minha cabeça, e rezar que tudo voltasse ao normal. A algum minutos atrás eu percebi que eu não iria. A eletricidade caiu, e pela primeira vez na minha vida, eu senti medo de verdade. Eu não tinha ideia que em alguns momentos, eu me tornaria entorpecida. Eu cambaleei pela casa, procurando por uma lanterna, quando eu vi que algo ainda estava produzindo luz.

O computador.

A tomada estava ligada novamente, e a mulher no papel de parede estava se movendo. Acenando pra mim. Eu não pude controlar minhas pernas. Sentei-me em frente dela do outro lado do quarto com a escuridão em minha volta. E então a mulher, como todas as outras imagens que eu havia visto antes, começou a apodrecer. A cena toda apodreceu, e depois a tela ficou preta. E sem luz, sem um meio de ver meu reflexo, eu a "vi" no escuro atrás de mim por um breve momento, uma faca ensanguentada e enferrujado na mão. O computador voltou à vida , e meu papel de parede tinha retornado.
Mas eu sei que não acabou ainda.

Então eu decidi vir aqui. Eu sei que vocês gostam de ficar assustados, certo? Bem, veja isso como alguém que só recentemente descobriu o medo: Nem sempre funciona, e nem tudo é diversão e jogos.
Claro, você provavelmente não vai acreditar em mim. Por que deveria?
É o seguinte... Eu não fui totalmente honesta com você. Não havia vídeo algum. Era uma história. Uma história parecida com essa,com uma um enredo um pouco diferente e talvez com uma melhor narrativa. Eu sei que vocês gostam de histórias que dão um bom medo. Provavelmente é por isso que você começou ler a minha.

Agora que você leu isso, eu vou dividir com você meu destino. Eu sei que é cruel, talvez injusto, mas tem de ser feito. Eu só espero que você se conforte sabendo que quando eu for a mulher assombrando se computador, eu serei mais gentil. Se eu puder, eu usarei uma lâmina que seja menos cega. Fotos daqueles que vieram antes de mim que estejam menos grotescas. Sons que sejam menos alarmantes.
Mas, novamente, você GOSTA de ficar assustado, não é?
Não se preocupe, eu não vou pedir pra você repostar isso cinco vezes em lugares diferentes.  Nada vai salvar você. Porque depois de tudo, nada pode me salvar. A eletricidade ainda está desligada. E agora, atrás de mim, a uma mulher me esperando. Eu verei você em breve.


Tchau...por enquanto.

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